Editorial

Expectativa por medidas práticas

Há cerca de três meses enfrentando estiagem severa, o Rio Grande do Sul aguarda com expectativa o que uma comitiva interministerial que desembarca hoje no Estado trará de novidades com relação ao enfrentamento desta situação. Conforme a programação e informações apuradas pelo DP - e que podem ser conferidas na página 10 desta edição -, os representantes do governo federal estarão no começo da tarde no município de Hulha Negra, na região da Campanha, para uma visita a assentamentos da reforma agrária.

O local escolhido pelos chefes das pastas do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, da Agricultura e Pecuária, do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, da Integração e do Desenvolvimento Regional e da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República é apenas um símbolo. Com cerca de 90% da produção agrícola perdida, a propriedade apresenta cenário crítico semelhante àquele encontrado em quase todas as cidades, onde animais praticamente não têm água para beber, lavouras não se desenvolvem e os prejuízos se acumulam. Além de representar quebra de safras importantes para o Estado, essa seca significa sobretudo impactos profundos na renda de quem se dedica a produzir alimentos e, por consequência, também na economia da maioria dos municípios, dependentes do que o campo produz.

É justamente por conta dessa situação dramática que atinge a todos, não só a quem vive no e do campo, que os olhares de todos os gaúchos estarão voltados hoje às notícias vindas de Hulha Negra. E a espera de agricultores, prefeitos e todas as comunidades é que tamanha comitiva e mobilização resulte em anúncios de medidas concretas contra a estiagem. Mais do que isso: ações que, além de mitigarem as perdas já consolidadas neste ano, sejam capazes de evitar ou, pelo menos, reduzir drasticamente as possibilidades de que secas voltem a causar tamanho impacto. E isso se faz necessário, como já repetido várias vezes por diferentes atores envolvidos com o tema (de entidades de produtores a meteorologistas), porque a falta prolongada de chuvas tem sido cada vez mais frequente no Rio Grande do Sul. Portanto, ou o Estado passa a ter condições de lidar com o problema da forma menos traumática possível ou terá que acostumar-se com a ideia de muitas dificuldades.

A presença de representantes do governo federal, ainda que tardia após tanto tempo de seca, precisa ser saudada. Sinal de que há olhar atento ao problema. Mas só terá de fato valido a pena se trouxer boas notícias para quem está afundado em dívidas pela quebra de safra, se resultar em apoio para infraestrutura adequada de preservação de água, irrigação e outras medidas práticas. Sem isso, e sem visão e políticas de futuro, corre o risco de ser apenas mais um evento cheio de boas intenções, mas sem efeitos duradouros.

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